O Carnaval é época de alegria, de tirar a fantasia do armário e caprichar na maquiagem. Também é tempo de calor, suor e aglomeração. Quem vai aproveitar os quatro dias da folia precisa ficar atento a alguns cuidados para evitar doenças oculares, bastante comuns nessa época.
São dias de muita alegria. Porém, as aglomerações e os produtos como os sprays e maquiagens podem aumentar o risco de contaminação nos olhos por agentes biológicos e químicos. Qualquer descuido com a limpeza das mãos e dos olhos, podem causar alergias oculares e até mesmo conjuntivites.
Segundo a oftalmologista Cristina Dantas, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o primeiro passo é não compartilhar os produtos. Apesar de ser comum entre as mulheres, esse hábito facilita o contágio de doenças.
Outro ponto para ficar alerta é quanto aos itens vencidos. “Sempre prestamos atenção na data de validade dos alimentos, mas esquecemos de verificar na maquiagem”, observa Cristina. Ou seja: nada de aplicar os cosméticos do Carnaval passado!
Dicas para ajudar os foliões a se prevenir de possíveis problemas no Carnaval:
- muita cautela com o glitter. “Em contato com o olho, ele pode lesionar a córnea e formar pequenas feridas e até úlcera”, alerta a oftalmologista Cristina. Por isso, dê preferência a maquiagens brilhosas de marcas de confiança, que passam por testes de segurança.
- Se você usa lentes de contato, mantenha consigo um kit emergência: estojo, loção de limpeza, espelhinho, colírio lubrificante, etc. Lembre-se de que é possível ter necessidade de removê-las em local inadequado e em situação desfavorável.
- Mantenha consigo um colírio lubrificante, para caso de eventual presença de um corpo estranho no olho.
- Caso o seu olho fique irritado, vermelho, com secreção, e/ou com sensação de areia, não se auto-medique. Você pode ter adquirido uma conjuntivite viral, ou mesmo bacteriana, sendo que em ambos os casos, precisará de tratamento especializado. Procure um oftalmologista.
-Sempre que possível, durante o dia, utilize óculos escuros de boa qualidade, com filtros UVA e UVB com o objetivo de proteger os seus olhos da exposição solar intensa. O uso de viseira ou boné, também reduz a incidência de radiação solar sobre os olhos.
- Jamais lubrifique as lentes de contato utilizando a saliva. Evite tocar na área dos olhos, exceto se tiver acesso a banheiro adequadamente limpo, que permita uma lavagem de mãos com bastante água e sabão.
- Mantenha-se bem hidratado e evite alimentação pesada, ou de procedência duvidosa. Afinal, o bom funcionamento do corpo será um importante fator para mantê-lo “protegido” contra possíveis infecções virais, como conjuntivites e outras, tão comuns em ambientes de grande aglomeração.
- Cuidado com as maquiagens. Aqui o alerta é para o risco no uso de maquiagem vencida ou no compartilhamento de produtos e objetos que entram em contato com os olhos. “Se alguém estiver com alguma infecção ocular, por vírus ou bactéria, todo o grupo que usar a maquiagem pode se contaminar e em consequência se ver obrigado a passar o resto da folia dentro de casa”.
O especialista continua: “Limpe bem a área dos olhos retirando qualquer resquício de maquiagem, isso é importante para evitar irritações e até lesões. Sombras brilhantes que possuem glitter são bem comuns nessa época do ano e o risco de uma partícula cair dentro do olho é grande. A purpurina pode machucar a córnea e provocar até uma infecção mais grave. O ideal é retirar toda a maquiagem com um produto específico e lavar bem o rosto antes de dormir”, orientou.
- Adereços e fantasias. Durante os meses quentes do ano, o risco de conjuntivite viral é maior – principalmente em lugares de praia, piscina e com muita concentração de pessoas, como em bloquinhos de carnaval e festas. É preciso cuidado com o empréstimo de óculos e máscaras. “Fique atento também ao risco da conjuntivite tóxica. Ela é provocada por cremes e outros produtos que, espalhados pelo rosto e cabelo, escorrem e causam forte ardência e vermelhidão nos olhos. As dicas para evitar a contaminação por pincéis de maquiagem e rímel também vale também para esses casos”, acrescenta o médico.
Atenção: passe longe da purpurina vendida nas papelarias. Ela não foi feita para entrar em contato com a pele.
Já na hora de utilizar o lápis, lembre-se de aplicar na parte externa dos cílios, nunca na linha d’água. “Se você passa o lápis nessa camada, bloqueia o terminal da glândula lacrimal”, justifica a especialista. Aí o olho resseca.
Para quem vai incrementar a fantasia com lente de contato, a dica é não comprar em qualquer lugar. “Cada pessoa tem um formato diferente de córnea. É preciso procurar um oftalmologista para fazer a adaptação”, recomenda Cristina. Além de ajustar a lente, o especialista é quem vai orientar sobre o uso e a higienização. “Se mal utilizada, causa infecções e microlesões”, completa a expert.
Há também quem busque cílios postiços ou mesmo fitinhas de LED para as pálpebras, que criam um visual mais diferente. Eles até estão liberados, desde que os itens sejam de marcas reconhecidas. E um recado importantíssimo: depois da diversão, lembre-se de remover toda a maquiagem.
Álcool em excesso também prejudica a visão
Não são só as maquiagens de procedência duvidosa que fazem mal para os olhos. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier em Campinas-SP, a alta concentração de metanol nas bebidas alcoólicas falsificadas pode lesionar o nervo óptico e levar à perda definitiva da visão. Trata-se da neurite óptica. Queiroz Neto explica, por meio de um comunicado da sua assessoria de imprensa, que a neurite óptica ocorre devido a algumas substâncias produzidas no processamento do metanol no nosso organismo. Seus sintomas são: dor de cabeça, náuseas, vômitos, queda na visão de contraste e, eventualmente, cegueira. Ao mesmo tempo, danifica rins, fígado, coração, pâncreas e altera a camada externa do cérebro.
Segundo o especialista, a intensidade dessas reações depende da quantidade ingerida, porém, mesmo quando a intoxicação passa despercebida, deixa sequelas que dão as caras após algum tempo. O tratamento se baseia em aplicar injeções de corticoide para reduzir a inflamação, mas varia de caso a caso. A recuperação leva de semanas a meses.
Para evitar a enfermidade, cheque o lacre da garrafa e verifique o registro do Ministério da Agricultura no rótulo. Muito mais fácil do que passar por todo esse perrengue em pleno Carnaval, não é mesmo?
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