Oftalmologia
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Doença do Olho Seco
O que é a Doença do Olho Seco ( D.O.S. ) ?
A definição mais atual, de acordo com o estudo DEWS II é: “Uma doença multifatorial da superfície ocular, caracterizada pela perda da homeostase do filme lacrimal e acompanhada por sintomas oculares, onde a instabilidade, a hiperosmolaridade, a inflamação, a lesão da superfície ocular e anormalidades neuro-sensoriais desempenham papel etiológico”.
Parece um pouco complicado não é? Vamos então procurar situar esta definição para o nosso dia a dia.
Sintomas:
Embora haja portadores de olho seco sem sintomas, eles podem causar uma grande variedade de queixas:
- Sensação de ressecamento ou de corpo estranho ou de areia nos olhos
- Ardência
- Vermelhidão
- Lacrimejamento
- Coceira
- Secreção
- Dor ocular
- Intolerância à luz (fotofobia)
- Olhos grudados ao acordar
- Embaçamento transitório da visão
Como podemos constatar, um filme lacrimal de boa qualidade é essencial para o conforto e saúde ocular, mas também para uma boa qualidade de visão.
Causas:
O olho seco acomete 15 a 17% da população em geral e afeta milhões de pessoas em todo o mundo sendo uma das causas mais comuns de visita ao oftalmologista. Apesar do termo olho seco ser amplamente utilizado na comunidade médica, ele no entanto, sugere que o problema está relacionado apenas com a falta de produção lacrimal. Entretanto, apenas na menor parte dos casos isto ocorre.
A D.O.S. pode ocorrer pela diminuição da produção das lágrimas, pelo aumento da evaporação ou por ambos mecanismos, resultando na lubrificação inadequada dos olhos.
1) Olho Seco Evaporativo
Pode ter várias causas, tais como:
- Disfunção das Glândulas de Meibomius (D.G.M.): é sem dúvida a maior causa de olho seco, representando aproximadamente 80% de todos os casos. Nesta situação ocorre um processo obstrutivo da glândula com diminuição da liberação de gordura, o que causa aumento da evaporação da camada aquosa da lágrima. Esta obstrução pode causar uma inflamação persistente, levando à atrofia glandular.
É extremamente importante mencionar que estas glândulas uma vez danificadas, jamais se regeneram, levando a um quadro crônico irreversível de olho seco.
- Blefarite: é a inflamação da margem palpebral, sendo outra importante causa de olho seco.Tende a ser crônica e costuma causar outros problemas também, como por exemplo hordéolos e calázios. Pode ser de vários tipos: Bacteriana (Estafilocócica), Seborreica e por Ácaro (Demodex Foliculorum).
- Doenças da superfície ocular (conjuntivite alérgica por exemplo).
- Uso de Lentes de Contato.
- Conservantes de medicações tópicas (colírios para glaucoma por exemplo).
- Fatores ambientais (ar condicionado, vento, baixa umidade do ar, poluição, ventiladores...).
- Fatores hormonais (terapia de reposição hormonal na menopausa).
- Isotretinoína (Roacutan).
- Fatores nutricionais (deficiência de vitaminas A,C e B12).
- Alterações palpebrais (frouxidão, eversão ou aumento da fenda palpebral).
- Proptose (aumento do globo ocular que ocorre na alta miopia e no hipertireoidismo).
- Diminuição do piscar (extremamente comum hoje em dia devido ao uso intenso de computadores, tablets e celulares).
2) Olho Seco por Deficiência da Produção de Lágrima
As principais causas são:
- Síndrome de Sjogren.
- Medicações sistêmicas (diuréticos, anti-hipertensivos, anti-histamínicos, anti- depressivos, anti-espasmódicos, psicotrópicos).
- Atrofia das Glândulas Lacrimais (a causa mais comum é a idade).
- Redução da sensibilidade da córnea (uso prolongado de lentes de contato, neuropatia diabética, herpes zoster, cirurgia de LASIK).
O distúrbio de Olho Seco ocasional, que pode ser facilmente controlado, é diferente da Doença do Olho Seco Crônica, que pode levar à destruição progressiva das células da superfície ocular.
Quando há uma diminuição da produção da camada aquosa ou aumento da evaporação por deficiência de produção da camada oleosa isto leva a uma maior concentração de sais, originando uma lágrima hiperosmolar ou tóxica, que por sua vez ocasiona uma inflamação crônica da superfície ocular.
Diagnóstico:
A D.O.S. requer testes diagnósticos específicos para identificar, quantificar, classificar e acompanhar a evolução da doença, tais como:
- Análise por Interferometria da Camada Lipídica
- Avaliação de Hiperemia Conjuntival
- Dinâmica do Filme Lacrimal
- Marcador Inflamatório para Doença do Olho Seco MMP-9 (InflammaDry)
- Medida da Altura do Menisco Lacrimal
- Meibografia (Keratograph)
- Tempo Não Invasivo de Ruptura do Filme Lacrimal
- Teste de Schirmer
- Teste de Corante Vital (Lissamina Verde)
- Teste de Osmolaridade da Lágrima (TearLab)
Tratamento:
É necessário utilizar uma estratégia de tratamento clínico com múltiplos componentes para controlar a doença, sendo que cada um deles tem efeito aditivo:
- Colírios lubrificantes (específicos para cada tipo de Olho Seco)
- Antibióticos (na forma de colírios e/ou comprimidos)
- Colírios anti-inflamatórios
- Higiene palpebral
- Calor local
- Vitaminas
- Óculos com câmara úmida
- Umidificadores de ambiente
Existem também alguns procedimentos que podem ser usados em combinação com o tratamento clínico para se obter melhores resultados, tais como:
- Implante de Plugs no canal lacrimal
- Microblefaroexfoliação (Blephex)
- Luz Intensa Pulsada (IPL)
- Pulsação Térmica Vetorial (Lipiflow)
- Probing das Glândulas de Meibomius
A D.O.S. é uma condição crônica e progressiva que requer tratamento contínuo e acompanhamento regular para monitorização e controle, onde o objetivo do tratamento não é a cura, mas sim o alívio dos sintomas e a interrupção da progressão.